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Quando O Pedro e o Breno deveriam ter iniciado?

Como na maioria das condições especiais de saúde, o tratamento precoce é sempre a alternativa mais desejada. Quanto mais cedo a regulação dos sintomas e a estimulação de aprendizados se inicia, mais conquistas são possíveis a curto, médio e longo prazo. O diagnostico do Pedro chegou tarde porque a fila de espera para o atendimento especializado pelo SUS na nossa cidade é de aproximadamente 2 anos. O diagnóstico do Breno chegou antes porque nós usamos recursos próprios e fomos até um neurologista pela rede privada, que deu o laudo para o Breno e requisitou exames para investigar síndromes associadas e suspeita de esquizofrenia. Nossa família ainda não conseguiu fazer nenhum destes exames porque o custo é alto e supera nossa renda. Segundo o jornal o Globo, uma das pesquisas mais recentes sobre diagnóstico do transtorno do espectro autista demonstra que quando os tratamentos para o autismo se iniciam em crianças de 3 anos, a melhora chega a ser de 80%. O mesmo estudo compara os resultados de pacientes que iniciam o tratamento ainda antes, ou seja, com menos de 3 anos, nesses casos, o percentual de melhora chega a alcançar 90% . Ainda que o diagnóstico do Pedro tenha chegado atrasado o cenário é bastante otimista! Se iniciar as intervenções na linguagem e comportamento, com o engajamento e de equipe multidisciplinar especializada (Fonoaudióloga, terapeuta Ocupacional, Psicóloga e Pedagoga) a probabilidade é de que tanto o Pedro, quanto o Breno saiam de um grupo de autismo moderado a severo para um médio, e do médio para o leve. Mas para isso é importante que o tratamento inicie o quanto antes.

Tratamentos para autismo e os níveis de comprometimento

Falando em regressão dos sintomas, faz sentido refletirmos sobre a forma como os tratamentos para autismo são conduzidos. Bem, as intervenções terapêuticas têm como objetivo incentivar o autista em sua independência. Para os autistas severos e moderados isso significa conquistar a capacidade de realizar sozinho tarefas básicas como: se vestir, usar o banheiro, escovar os dentes e comer. E isso nenhum dos dois faz ainda.

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A comunicação também é muito importante para esses autistas, pois, ser capaz de dizer ou demonstrar que sente, o que deseja, se algo incomoda e como poderia sentir-se melhor. São conquistas que fazem toda a diferença na sua qualidade de vida.

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O tratamento busca que eles experimentem uma vida “mais próxima do normal”, ou seja, que consigam sentir-se à vontade com as interações sociais e que possam viver suas experiências individuais de forma agradável.

Isso pode significar construir vínculos de amizade, estudar numa sala regular, no futuro formar-se em uma universidade, exercer uma profissão, ter sua independência financeira, e se desejarem, estabelecer também relacionamentos amorosos e formar sua própria família.

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todos os tratamentos precisam ser feitos na mesma quantidade?

Embora seja importante adequar o tratamento ao nível de comprometimento, os planos de tratamento não devem ser separados rigidamente conforme o grau de autismo diagnosticado, justamente porque os quadros podem evoluir. Mas principalmente porque cada autista é único, tanto nos seus desafios quanto nos seus potenciais. Tanto é assim, que o Pedro e o Breno são irmãos, tem o mesmo diagnostico e cada um deles requer suportes e indicações de terapias que levam em consideração as especificidades da manifestação do autismo em cada em deles. Não existe receita que atenda todas as crianças.

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Os tratamentos para autismo sempre devem em conta as necessidades individuais da pessoa com o transtorno. Alguns podem se concentrar mais em um tipo de especialidade, enquanto outros podem se beneficiar de todas as terapias no mesmo nível de intensidade.

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Funciona mais ou menos assim: O Breno, por exemplo, está entre severo e moderado poderá ganhar no tratamento com um fonoaudiólogo o aprendizado de engolir a saliva. Também pode trabalhar para desenvolver a mastigação correta, por exemplo. Isso significaria menos chances de sofrer um engasgue.

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Enquanto isso, o Pedro, pode trabalhar dentro da mesma especialidade, a modulação do seu tom de voz. Ele também pode melhorar sua capacidade de verbalizar as palavras de maneira mais fluída e natural, por exemplo. O Pedro fala no máximos umas dez palavras e não forma frases, enquanto o Breno nem tenta falar e nem aponta.

Por isso, não existe certo ou errado. Dentro da mesma especialidade, profissional, paciente e cuidadores (no caso dos autistas mais comprometidos) irão planejar o tratamento de acordo com as necessidades percebidas. O objetivo sempre será desenvolver as áreas em que pacientes e especialistas identifiquem serem mais importantes.

PSICOTERAPIA APLICADA PARA AUTISMO

Dentre as abordagens da psicologia, o ABA tornou-se a mais indicada pelos especialistas. Em primeiro lugar, vamos explicar o termo: ABA é a abreviação para o termo em inglês: Applied Behavior Analysis. É conhecida também como Análise do Comportamento Aplicada. Em resumo, o ABA trabalha no reforço dos comportamentos positivos.

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A Associação para a Ciência do Tratamento do Autismo dos Estados Unidos, afirma que a terapia ABA é o único tratamento que possui evidência científica suficiente para ser considerado eficaz, e nossa família não conseguiu acessar a rede de saúde para oferecer este tratamento para nenhum dos dois meninos. Por isso nasceu a campanha “Me Ajude a Falar”.

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O uso do método ABA entre os tratamentos de autismo baseia-se no ensino intensivo e individualizado das habilidades necessárias para que a criança autista possa adquirir independência e a melhor qualidade de vida possível. Dentre as habilidades ensinadas incluem-se os comportamentos interferem no desenvolvimento e integração do autista.

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A psicoterapia para tratamento do autismo tem como objetivo:

  • Estimular os comportamentos sociais, como contato visual e comunicação funcional;

  • Incentivar os comportamentos acadêmicos como a leitura, escrita e o aprendizado da matemática;

  • Reforçar as atividades da vida diária como higiene pessoal;

  • Reduzir os comportamentos problemáticos do Breno como agressões, estereotipias, autolesões, agressões verbais, e fugas.

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Concluindo, a terapia ABA consiste no ensino intensivo das habilidades necessárias para que o indivíduo diagnosticado com autismo se torne independente. O tratamento baseia-se em anos de pesquisa na área da aprendizagem e é considerado como o mais eficaz hoje em dia e é oferecido por duas clinicas em Canoas e Porto Alegre.

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Um dos benefícios desse método é que diminui a frustração e o desânimo. Ao garantir que os autistas respondam corretamente, especialmente durante a aquisição de uma nova habilidade, o aprendizado pode ajudar a aumentar a motivação e o prazer de aprender.

FONOAUDIOLOGIA APLICADA PARA AUTISMO

Como sabemos, as crianças dentro do espectro do autismo podem apresentar dificuldades na comunicação, algumas desenvolvem a linguagem verbal (fala) outras não. Muitas podem ter dificuldades até mesmo para utilizar ou interpretar a linguagem não-verbal.

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A fonoaudiologia é uma terapia fundamental para ajudar no processo de desenvolvimento da linguagem. O primeiro passo é avaliar quais são os recursos linguísticos e comunicativos utilizados pela criança e construir um plano de tratamento para desenvolver as áreas que apresentam dificuldades.

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No caso dos autistas severos e moderados, pode ser necessário utilizar métodos alternativos de comunicação como os PECS, onde a criança aprende trocar o símbolo pelo objeto desejado. Por isso, a avaliação fonoaudiológica é importante para que se desenvolva um trabalho específico para cada criança.

Nesse processo há o envolvimento da criança e de toda sua família. Aqui é a mesma, quanto mais cedo o tratamento se inicia, maiores são as chances de bons resultados.

FISIOTERAPIA APOIANDO O TRATAMENTO DO AUTISMO

O profissional de fisioterapia atua diretamente nas habilidades motoras da pessoa autista, o fisioterapeuta trabalha para desenvolver e aprimorar as funções básicas, como andar, sentar, ficar de pé, jogar, rolar, tocar objetos, engatinhar e a se locomover de maneira geral. O fisioterapeuta trabalha toda coordenação motora grossa e também se concentra no desenvolvimento da força muscular.

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Além disso, o profissional de fisioterapia pode informar aos pais sobre os exercícios que são fundamentais para a criança. Dessa forma, pais e responsáveis podem gerenciar a execução dos exercícios feitos em casa, caso o terapeuta passe alguns deles para serem realizados no ambiente doméstico. O fato de fazer as atividades em casa pode dar mais confiança à criança com autismo. A familiaridade com o local é sempre um ponto positivo para o autista.

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A fisioterapia tem um papel fundamental entre os tratamentos para autismo porque as habilidades aprendidas também vão ajudar na interação da criança com seus coleguinhas, pois ao ter pleno domínio de suas habilidades motoras, ele será capaz de se envolver em jogos e brincadeiras com mais segurança e confiança.

TERAPIA OCUPACIONAL NO TRATAMENTO DE AUTISMO

A terapia ocupacional, também conhecida como TO é uma área do conhecimento voltada à prevenção e ao tratamento de indivíduos portadores de alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psicomotoras, incluindo o transtorno do espectro autista.

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Um terapeuta ocupacional infantil busca trabalhar três principais áreas: atividades de vida diária, atividades relacionadas a escola e atividades relacionadas ao brincar. O objetivo é ajudar o indivíduo com transtorno do espectro autista a se tornar mais independente e melhorar a qualidade de vida em casa e na escola.

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O terapeuta ajuda a introduzir, manter e melhorar as habilidades para que os autistas possam chegar à independência e fazer parte da sociedade.

 

Veja alguns exemplos:

  • Habilidades que a Terapia Ocupacional pode promover

  • Habilidade para ir ao banheiro, vestir-se, escovar os dentes, pentear cabelos, calçar sapatos, comer sozinho etc.;

  • Apoiar o desenvolvimento da coordenação motora fina necessária para a realização de caligrafia ou cortar com uma tesoura, por exemplo;

  • Estimular a coordenação motora ampla e o equilíbrio, usadas para andar de bicicleta;

  • Ensinar o sentar adequado;

  • Ajudar na percepção de competências, tais como dizer as diferenças entre cores, formas e tamanhos;

  • Consciência corporal e sua relação com os outros;

  • Habilidades visuais para leitura e escrita;

  • Brincar funcional, resolução de problemas e habilidades sociais;

  • Integração dos sentidos, realizado através da abordagem de integração sensorial com objetivo de diminuição de estereotipias.

​Depois da TO, uma criança com autismo pode ser capaz de:

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  • Desenvolver relacionamentos com seus pares e adultos;

  • Aprender a se concentrar em tarefas;

  • Expressar sentimentos em formas mais adequadas;

  • Envolver-se em jogo com os pares;

  • Aprender a se autorregular;

  • Realizar atividades mais refinadas como: escovar dentes, fazer laço, tomar banho sozinho, vestir-se etc.

  • Independência;

  • Aprendizagem;

  • Autoconfiança.

​​O papel da pedagogia no desenvolvimento da pessoa autista

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Finalmente, vamos falar do papel dos pedagogos e professores no tratamento das crianças com TEA. A educação da criança autista além de um direito fundamental, é também muito importante na construção de sua cidadania e na formação de sua identidade.

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Por isso, é impossível falarmos de tratamentos para autismo sem considerar o ponto de vista pedagógico. Os autistas em sala de aula necessitam de instruções claras, precisas e de um programa escolar funcional, que deve levar em conta as dificuldades do autista.

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No caso dos autistas que têm algum tipo de deficiência intelectual, pode ser necessário uma educação especializada ou de um professor com formação em educação especial acompanhando-o na sala de ensino regular.

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No caso dos autistas leves, o desafio de “parecer típico” pode fazer com que seja mais difícil ser compreendido no seu ritmo e limitações. Os autistas leves têm dificuldade em compreender a linguagem não verbal ou ironias, por exemplo. Por isso o professor que trabalha com uma criança com TEA, irá adequar suas metodologias para atender às necessidades desses autistas.

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Um dos métodos de ensino mais utilizados no Brasil é o TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Limitações). O objetivo dessa ferramenta é:

Habilitar pessoas com autismo a se comportar de forma tão funcional e independente quanto possível;

Promover atendimento adequado para os autistas e suas famílias e para aqueles que vivem com eles;

Gerar conhecimentos clínicos teóricos e práticos sobre autismo e disseminar informações relevantes através do treinamento e publicações.

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Agora que você já conhece os tratamentos fundamentais para o tratamento do TEA, conte pra gente sua experiência com esse assunto. Aproveite para compartilhar esse artigo com outras pessoas e contribuir com a conscientização do autismo!​

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Referências bibliográficas e datas de acesso

O Globo – 28/01/2020

Saúde Abril – 28/01/2020

 Instituto Pensi – 29/01/2020

Projeto Amplitude – 29/01/2020

Entendendo o Autismo – 30/01/2020

 Psicoenvolver – 30/01/2020

Laudo médico dos dois indicam todas as terapias descritas acima.

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